Chegou o momento de eu dar uma opinião, que tenho muitas e a maior parte são boas – ou assim me parecem.
Hoje tive uma epifania, desta feita não sobre o que escrevo, mas mais com o país onde vivo.
Eu adoro Portugal, por tudo e por nada. Um dos nadas é sem dúvida o potencial do País. Este é um País com um enorme potencial. Temos as paisagens mais bonitas, o clima mais temperado, a gastronomia mais saborosa e simples... e o que é que fazemos com todo esse potencial? Nada! Ou pior, estragamo-lo e tornamos o que poderia ser bom numa confusão, complicação, num marasmo...
Já tentaram pedir uma informação por telefone, a uma entidade pública? Hoje em dia já não há contactos directos, por isso tem que ser através das "linhas azuis" (ou verdes, depende do
mood do momento). Mas depois na linha azul ou verde fazem gracinhas como mandarem as pessoas ir perguntar a mesma coisa, mas ao balcão. ‘E não me vão dar a mesma informação que a senhora?’, perguntei eu em semi-inocência ‘Não, porque nós aqui somos o atendimento informativo’.
Ahhh, claro, percebo perfeitamente, nem é preciso dizer mais. Se no atendimento informativo não sabem a resposta, peça-a em pessoa ao balcão, em que serviço não sabemos, mas ao balcão por definição sabem sempre mais do que ao telefone porque o telefone baralha as informações do atendimento... É tecnologia a mais, claro...
Também percebi, generalizando claro, que o Português que fica em Portugal (os cérebros fogem) é um ser inerentemente complicado, passivo e conformado.
Está frio em casa? Não há problema, põem-se mais umas camisolas ou mantas e acende-se o aquecimento, não interessa que o motivo para o frio dentro de casa seja um essencial e básico mau isolamento, não vale a pena refilar, nunca resolvem nada... Não gostas do que fazes? Aguenta, porque é mesmo assim... Queres mudar de emprego e fazer something completely different? Não pode ser, e o que é que as pessoas vão dizer? Ainda por cima essas coisas esquisitas não dão dinheiro, e o importante, todos sabemos, é o dinheiro!
E assim vamos vivendo, conformadinhos ao que temos, a sonhar com o que não temos e gostávamos de ter, sem a menor ideia de como lá chegar porque tudo é complicado, difícil e, normalmente, baseado em cunhas, contactos ou conhecimentos... Então agarramo-nos a este ópiozinho limitador “é mesmo assim”.
Mas assim como?
Quem disse que era assim?
Quem decretou que independentemente do que queremos temos que viver com o que nos dão, de esmolinha, e ficar agradecidos, a cavalo dado não se olha o dente?
Quem mandou sermos todos iguais, cinzentos?
É porque faz muito sol em Lisboa? Olhe que mão caro amigo, cada vez menos.
É para não confundir as pessoas? Mas se calhar as pessoas precisam de ser confundidas, de sair da sua urbano depressão mais do que uma semana por ano no Algarve.
É preciso acordar! Tanto quanto sabemos só temos uma vida, e a qualquer momento ela pode acabar, ninguém tem garantias de quando vai morrer!
Cada dia é único apenas por ser aquele dia, cada passo é uma escolha apenas por ser um passo!
O que está à nossa frente é muito simples: queremos viver, ou ir vivendo?