privo di titolo *

Quando era nova acordava todos os dias às seis da manhã. Quando era nova…
Quando tinha 25 anos acordava todos os dias às seis da manhã. Às seis e meia já estava na rua, pequeno-almoço tomado, cara lavada. Às sete entrava no ginásio, de onde saía pontualmente às oito e meia, para ir para o escritório. Onde entrava sem falta às nove todos os dias.
Almoçava à uma e meia, uma salada trazida de casa, comida apressadamente à frente do computador. Saía do escritório às oito da noite, ia ao supermercado buscar sopa pré fabricada e a salada do almoço seguinte.
Às dez da noite desligava o computador, limpava a cara, punha o creme dos olhos, o da cara, lavava os dentes, passava o fio dental, escovava o cabelo, punha creme nas mãos e nas pernas, óleo nos pés.
E ia dormir.
No dia a seguir levantava-me às seis da manhã.
Hoje já não posso dizer que sou nova. Hoje tenho sessenta anos. Tenho o corpo de uma menina de quarenta, e a minha cara não denuncia o passar dos anos.
E as minhas memórias de juventude nada mais são que horários escrupulosamente cumpridos onde me enclausurei sozinha. 

* Homenagem pequenina a Andrea Camilleri, sem pretensões de igualar a sua mestria, claro. 

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