what happens after you say "I do"?

Este é o mote do novo filme de Carrie Bradshaw. E este é uma dúvida que assalta milhões de pessoas diariamente, apenas comparável aos inquestionáveis mistérios do afterlife.

De todas as pessoas casadas que conhece, quantas lhe responderão honestamente sobre o que acontece uma vez dado o nó? Eu não conheço nenhuma... E isto nada quer dizer sobre o grau de intimidade que tenho com as minhas amigas casadas, mas muito que ver com o tabu que é falar sobre a vida a dois. Ainda.

Admitamos, vivemos num país que até há bem pouco tempo se definia como Orgulhosamente Só. E esta espécie de espírito isolacionista foi incutido em cada um de nós, povo outrora aventureiro mas que hoje parece ver a maior aventura da vida como escolher o que jantar no restaurante Tailandês da moda, sem acabar a comer fígados de porco panados.

Que entre marido e mulher não se mete a colher já sabemos. Que ninguém quer contar as suas desventuras amorosas para não parecer fraco, também. Mas porque é que não se espalham as boas energias que uma vida a dois pode gerar? Talvez para não estragar, ou para não passar a vergonha de também admitir que se acabar vai doer, ou até para não parecer exibicionista. Ou seja, por um misto de proteccionismo e pessimismo sobre o qual, certamente, não reflectimos.

De experiência de vida a dois tenho pouca. Poucos são os meus anos também. Mas tenho a certeza de uma coisa: por nunca ter ouvido alguém, meu semelhante, dizer que partilhar uma vida com outra pessoa é óptimo e por nunca ter ouvido relatos de tal felicidade em primeira mão, acabei a acreditar que a vida a dois era, inevitavelmente, um constante compromisso em que facilmente acabamos a perder mais do que ganhamos. Uma luta constante.

Depois vem a parte mais difícil. Sabendo que é esta a minha perspectiva de relacionamento humano, quantas das minhas relações minei desde o princípio por enquadrar atitudes, comportamentos e até mesmo pessoas em formatos pré concebidos de relação? Em quantas batalhas entrei por as provocar? E o que escondi atrás dessas guerras frias? Enfim, quanto de mim consegui passar pelos muros de preconceitos alheios?

É que sem estas barricadas começo a perceber que a vida a dois pode ser, mesmo, uma espécie de happy ever after. Pelo menos um dia de cada vez.

P.S. reparo que este blog está a focar muito relações amorosas e afins. Devem ser os ares de Maio...

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