mais verdades absolutas inconsequentes

Regra n.º 1: As mulheres nunca podem dar o primeiro passo. Se um homem vem ter contigo num bar e quer conhecer-te, ignora. Só podes mostrar interesse se conheceres alguém que o conheça.
Regra n.º 2: Nunca dormir com um homem na primeira vez que o conheces. Play hard to get, mesmo se até te apetecer ir para a cama com ele.
Regra n.º 3: Se saíste com um homem, não lhe ligues no dia a seguir. Tem que ser ele a ligar. Senão ligar, que dizer que não está interessado em ter uma relação séria contigo, e isso é a única relação que podes querer.
Regra n.º 4: Good girls don’t have one night stands. Se queres ser o tipo de mulher que os homens apresentam às mães, só podes ter relações sérias.
Regra n.º 5: Numa relação, nunca podes ser tu a querer sexo. E mesmo que queiras, play hard to get again. Fá-lo lutar pelo teu corpo constantemente.
Regra n.º 6: Nunca sejas a primeira a dizer “Eu amo-te”. Além de mostrar que és fraca, carente, é foleiro dizer “Eu amo-te” em português. Arranja um eufemismo qualquer quando ele já tiver dito primeiro.
Regra n.º 7: Se ele te perguntar com quantos homens já dormiste, mente. Nunca tiveste muitos.
Regra n.º 8: Nunca mostres que és inteligente, e sobretudo mais inteligente que ele. Ri-te sempre das piadas dele, mesmo que as conheças desde o dia em que falaste com ele pela primeira vez.
Regra n.º 9: Não vás viver com ele. Se viveres com ele, ele nunca se vai querer casar, e esse é o objectivo último de todas as relações sérias a partir dos 20 anos.
Regra n.º 10: Mantém os jogos todos durante a relação, mesmo que seja séria e duradoura – nunca atendas o telefone à primeira, nunca ligues demasiadas vezes, nunca digas “Eu amo-te” muitas vezes (ou o seu equivalente), nunca te mostres demasiado feliz por estar com ele, façam muitos programas fora de casa para manter a vida a dois interessante.

Estas são algumas das regras que todas as mulheres ficam a conhecer a fundo a partir da adolescência. Aliás, o que parece acontecer é que em termos de relações, o ser humano dito civilizado nunca sai de um estado de permanente adolescência, estado esse em que tem que planear, racionalizar cada passo, pensar nas consequências sociais de cada frase ou atitude, e sobretudo, nunca dizer a verdade ou agir livremente.
Existem livros vários sobre como “agarrar um homem” ou “manter o interesse na relação”. A maior parte deles não nos diz o mais essencial: qualquer relação humana serve o propósito de nos completar de maneira a evoluírmos conjuntamente e, a curto prazo, sermos felizes. Se pensarmos demais sobre matters of the heart, nada faz muito sentido. E claro, se analisarmos uma relação que não correu como gostávamos depois de ela acabar, haverá sempre milhares de situações em que achamos que devíamos ter agido de outra forma. Mas a beleza da vida, para mim, é termos agido da melhor forma que sabíamos e queríamos no momento em que agimos. E, de qualquer maneira, como ouvi num filme, falar sobre amor é como dançar ao som da arquitectura.

2 comentários:

  1. Também os homens conhecem bem estas regras. De tal forma as interiorizam que assumem como seu o papel de as quebrar, às regras e às mulheres, o papel de perseguir das mulheres sérias, difíceis, o papel de caçador, um papel que os deixa ser movidos apenas por instintos menores, os caçadores que não são mais do que animais.

    E o que fazer com quem não tem estas regras? Ou mesmo quem não tem regras nenhumas! Quem não "tenta arranjar um(a) namorado(a)", quem procura um(a) companheiro(a) para como dizes "nos completar de maneira a evoluírmos conjuntamente"?

    Viver sem regras dá muito trabalho - obriga-nos a sentir cada momento, cada acção, cada palavra como se fosse sempre a primeira vez, como se fossemos virgens, plenos de potencial, livres! É muito mais difícil ser livre do que aceitar um conjunto de regras.

    Por isso quem se atreve a não cumprir provoca sim, mas acima de tudo assusta, mete medo. É muito importante diminuir, reduzir estas pessoas que podem até um dia inspirar outros seres humanos a ser livres, a viver sem medo, esta sim uma ideia absolutamente revolucionária!

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  2. Sem dúvida, viver sem medo é revolucionário, e difícil. Mas medo do quê exactamente? De não ter companheiro/a? De estar sozinho e só? De falhar expectativas sociais? De não nos enquadrarmos nos parâmetros sociais pré estabelecidos?
    A própria busca de um companheiro é até ela redutora - só me lembra programas do National Geographic, a época de acasalamento na savana africana... Todas as relações servem o egoísta propósito de nos completar, seja amizade, amor, trabalho, o que for. Até a nossa relação connosco próprios. Aliás, se não nos sentimos completos só por nós, nunca seremos mais do que seres reaccionários e não actores da nossa própria história

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