jogos nabokov

Era adorável com ao seu mini vestido cor de rosa que quase nada tapava, aliás nem seria esse o propósito. Do alto dos seus quinze anos espalhava um aroma de pastilha elástica de morango misturado com o perfume da moda e o odor dos cigarros roubados à socapa da carteira da sua mãe. Os cabelos castanhos tingidos do sol, sal e cloro trazia compridos e emaranhados num estado permanente de sono interrompido que deixava tudo à imaginação. A boca era quente e cor de rosa como o vestido e parecia estar constantemente a brincar com um chupa-chupa de um qualquer sabor perverso. Os olhos trazia-os tapados por uns óculos de sol de outros tempos, relíquias de juventude alheia. A pele morena das férias grandes coberta de penugem loira era uma provocação por si mesma. Os pés pequenos adornados com havaianas brancas contrastavam com a cor da pele que contrastava com as cores da pulseira que abanava com orgulho no tornozelo como se orgulhosa morena de Angola fosse…
Era adoravelmente tentadora neste espectáculo depravadamente apetecível, este pacote que usava à discrição para atingir objectivos de menina mimada. Fosse quem fosse o alvo da sua atenção - de curta duração, sempre - não tinha qualquer hipótese, resistir era inútil, e qualquer tentativa de luta só lhe dava mais prazer na perseguição da sua presa.
Quando finalmente se dignava a tirar os óculos de sol, os olhos cor de escárnio escaldante derretiam qualquer corpo a ponto rebuçado. Um pequeno levantar de sobrancelha treinado ao espelho e um semi-sorriso de garotice bem estudada eram quanto bastava para a rendição total.

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