catarses

Era uma vez um sapo, verde e nojento como só os sapos sabem ser, como o charco onde vivia, verde e denso de porcaria acumulada do bosque onde estava. Era gordo e feio e tinha uma pele peganhenta, rugosa e acastanhada a lembrar outras porcarias. Tinha olhos esbugalhados e as patas pareciam manápulas. Controlava o ar com os olhos vítreos e húmidos em busca de moscas, que com a sua língua de metro e meio (e certamente viperina se percebêssemos o seu constante coaxar) arrebanhava e comia num esgar de contentamento, imaginamos nós. Se fosse homem seria sem dúvida Dâmaso Salcede.
Era uma vez um urso, burro como só os ursos podem ser, pesado e desajeitado, velho e de pêlo gasto, tinha desaparecido o cuddly bear que era quando nascera, há muito que se tornara este ser desengonçado e estúpido que parecia matar salmões apenas por prazer. De vez em quando lá atirava uma espécie de rugido para o ar, num display de força bruta que apenas faria rir quem por perto estivesse, que fraca figura. Se fosse um homem seria certamente a personificação de Bafo de Onça.
Era uma vez um porco, cruel como só os porcos conseguem ser. Falso e matreiro, tanto assumia a sua cor suja e porca como parecia lindo em cor-de-rosa, rabinho de bebé. Passava o dia a chafurdar na lama e a tentar derrubar quem por lá passasse, buscando talvez comida ou até uma refeição barata no próprio incauto. Ao pé dele sentia-se uma incerteza e desconfiança, talvez inspirada nos filmes de Hollywood, 'ele quer comer-nos a todos, é melhor preparar aí um rancho qualquer para o apaziguar'. Se fosse um homem seria com certeza Uriah Heep

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