Anseio por ti, pelo teu cheiro, pelo teu colo, pelas tuas mãos no meu pêlo, nas minhas orelhas. Porque me largaste? Não ficava suficientemente contente quando te via? A cauda não batia com força? Não saltei tão alto como devia quando entravas em casa, cansado da rua?
Eu esperava por ti todos os dias à porta, religiosamente. Sentado em sentido e alerta para não deixar intrusos entrarem na tua toca. Portei-me bem, não foi? Então porque é que me deixaste aqui, ao frio, no meio de estranhos cheiros e formas que não conheço, pernas alheias que não consigo subir? Não gostavas quando me levavas a passear e eu adaptava o meu passo rápido de animal irracional ao teu humor? Lento se estavas triste, rápido se chateado, e solto se feliz.
Não encontro o teu rasto, perdi-te na cidade, nesta pedra fria que arrefece o meu olfacto. Os meus olhos não explicam por quem eu procuro, inutilmente tento ganir à gente para que me leve para casa. Mas como? Não sei onde é casa.
E de repente encontro-te! Lá estás tu, a correr, mãos em concha em frente à boca! Estás a chamar-me! Ó alegria suprema de te ver! Estou aqui, vês-me? Ouves-me? E de repente olhas para mim e a tua cara abre-se num sorriso que me faz saltar para o teu pescoço como louco, como nunca!
Leva-me para casa, por favor… Prometo que me porto bem…
Sem comentários:
Enviar um comentário