Era uma vez uma fada princesa, que vivia no reino das fadas princesas, com a sua família de fadas princesas e com todas as suas amigas fadas princesas. Passavam o dia a fazer coisas que só as fadas princesas faziam, em perpétuo espanto com tudo o que viam, em perfeita conjugação com a natureza que as rodeava. Cantavam com os pássaros, nadavam com os peixes, corriam com os unicórnios e faziam enormes sestas à sombra das inúmeras árvores.
Esta fada princesa tinha ainda outra ocupação: observar o mundo das pessoas, as suas cidades, os cafés, restaurantes, lojas, todas as coisas inúteis que as definiam. Fascinavam-na na sua mistura semi-humana semi-divina, pareciam olvidados da sua importância, davam privilégios reais a trágicas rotinas diárias... Um dia decidiu que queria experimentar viver entre eles.
Pediu ao conselho das fadas princesas se podia experimentar ser pessoa, ver se conseguiria manter-se fada naquelas estranhas maquinações. Por ser uma fada princesa exemplar, foi-lhe permitida uma vida humana entre as pessoas. Com a condição de não envelhecer, para não se esquecer que era uma fada princesa e nunca sentir o peso da idade no seu frágil corpo.
E assim foi.
A fada princesa viveu uma vida humana entre as pessoas. Nasceu, foi à escola, fez asneiras, namorou, casou e teve filhos. Teve todas as experiências de uma vida humana excepto envelhecer.
E durante essa vida humana espalhou à sua volta uma leveza, uma alegria despreocupada e uma estranha harmonia como se tudo fosse parte de uma bem ensaiada peça de teatro que teria, certamente, final feliz.
E quando a fada princesa voltou ao mundo das fadas princesas, contou a todas as suas amigas e a quem mais a quisesse ouvir que uma vida humana, mesmo para quem não envelhecia, era uma imensa eternidade.
Bem, não sei nem o que dizer. É isto tudo
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