Eram cinco da tarde. O preguiçoso dia de Verão, embriagado de caipirinhas e banhos de mar, ameaçava acabar, lento... Evaporava a ânsia de sol que nos guiara até aqui, zombies de vontade. O torpor dos mergulhos invadia-nos as pernas, e deitados na toalha dura de sal entreabrindo os olhos imaginávamos errantes fantasmas entre a sombra das pestanas. O sabor da pele plena de maresia era viciante, e colávamos a boca ao braço indecisos se íamos para a esplanada ou continuávamos ali.
Com pequenos gemidos de prazer egoísta mudávamos devagar de posição até estarmos colados, corpos fundidos em desavergonhadas poses.
Finalmente nos levantamos, decididos, recolhendo os despojos do dia de praia, roupa que arranha e toalhas que não dobram, e com óculos de sol e perversa languidez sentamo-nos nas cadeiras de plástico envelhecidas pelas intempéries dos anos. Cabeças inclinadas para trás, quais desenraizados girassóis, pés descalços … Mais uma sangria e um cigarro, coragem para voltar para casa… Palavras que se tornam murmúrios e mãos simbióticas em constante contacto… Sábados…
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